quinta-feira, 17 de agosto de 2017

ABRINDO O VOLUME DA POESIA DE HILDA HILST

Eis que as coisas chegam a seu dia.

Abro os poemas de Hilda
de quem bem freqüento a prosa
e a picardia, ela
fingindo esgar desespero desdém estratégia orgia
e eu
lembrando  de uma obscura resenha que o  JB
– que julgávamos, nós na Zona Sul
do Rio, imortal, pétreo como o
Pão de Açúcar –
publicou em 1986 (ou 87?)
e que me deixou febril para escrevê-la
febril como seus personagens com seus olhos de cão
como a mãe de minha mulher que então convalescia em minha casa
no quarto ao lado onde eu lia e escrevia
febril entre pílulas, pélvis, pevides e os humores da Senhorita D
“D de derrelição, de abandono”
e eis que agora ao acaso abro  um mundo de versos entre
a epifania e o alucinógeno
ascese atravessada por visceral furor
a calhar para estes dias
e me digo

eis que o  dia chega às coisas que sempre aí estiveram
antes de serem criadas.


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