Eis
que as coisas chegam a seu dia.
Abro os poemas de Hilda
de quem bem freqüento a prosa
e a picardia, ela
fingindo esgar desespero desdém
estratégia orgia
e eu
lembrando de uma obscura resenha que o JB
– que julgávamos, nós na Zona
Sul
do Rio, imortal, pétreo como o
Pão de Açúcar –
publicou em 1986 (ou 87?)
e que me deixou febril para
escrevê-la
febril como seus personagens
com seus olhos de cão
como a mãe de minha mulher que
então convalescia em minha casa
no quarto ao lado onde eu lia e
escrevia
febril entre pílulas, pélvis,
pevides e os humores da Senhorita D
“D de derrelição, de abandono”
e eis que agora ao acaso
abro um mundo de versos entre
a epifania e o alucinógeno
ascese atravessada por visceral
furor
a calhar para estes dias
e me digo
eis que o dia chega às coisas que sempre aí estiveram
antes de serem criadas.
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