domingo, 6 de julho de 2014

GOTTFRIED BENN



A BELA JUVENTUDE

 

A boca da moça que longo tempo jazera em meio aos juncos estava toda roída.
Quando lhe abriram o peito, o esôfago era só buracos.
Acabaram achando numa arcada abaixo do diafragma
um ninho de ratos novos.
Uma das ratinhas morrera.
Seus irmãos viviam do fígado e dos rins;
bebiam sangue frio e tinham
passado ali uma bela juventude.
E bela e pronta foi também a morte deles:
jogaram-nos todos na água.
Ah, como os focinhozinhos guinchavam!

 
                                               Tradução de José Paulo Paes


Ilustração de Talarico




SCHOENE JUGEND

 
Der Mund eines Mädchens, das lange im Schilf gelegen hatte,
sah so angeknabbert aus.
Als man die Brust aufbrach, was die Speisröhre so löcherig.
Schliebflich in einer Laube unter dem Zwerchfell
fand man ein Nest von jungen Ratten.
Ein kleines Schwesterchen lag tot.
Die andern lebten von Leber und Niere,
tranken das kalte Blut und hatten
hier eine schöne Jugend verblebt.
Und schön und schnell kam auch ihr Tod:
Man warf sie allesant ins Wasser.
Ach, wue die kleinen Schnauzen quietschten!
 
           

In: José Paulo Paes: Gaveta de tradutor.  Florianópolis: Letras Contemporâneas, 1996.                     
 


 

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