Aquele homem delicado caminhou
pela praia
e chegando à beira, onde a água
faz a areia mudar de textura,
exibindo sua permeabilidade,
abaixou-se, e olhando o mar
não quis mais.
Chama-se fimbria a borda apática que demora a desfazer-se
quando a água se arrepende
da célere marcha devastadora que poderia perfeitamente empreender
na direção da orla urbanizada,
dos prédios amontoados
escondendo os pobres
encarapitados no alto das pedras
antes que esgueirem entre as frinchas
e se abriguem nos latões de lixo
e o mar não invade
o mar é aquele homem delicado
que não quis mais e
a turba não completa o
movimento de abandonar os latões
e tomar de assalto
(o sangue nos olhos as facas na
fronte)
e sequer o mar arrebata o homem
que desistiu
e quando é assim
então ninguém adentra a cidade
dolente
decidido a sofrer sua pena e sua luz
e estacam todos
o homem delicado e só
a turba despossuída e mais
o mar conformado à baixa-mar
e se chama fímbria e é aí que
se encontram os delicados
onde o velho Diabo fumando seu houka
na tela de última geração
smart e led
ri do quanto se perde a vida
por falsa
delicadeza.
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