sexta-feira, 29 de abril de 2011

TRÊS POEMAS DE ORIDES FONTELA

CORUJA

Vôo onde ninguém mais – vivo em luz mínima
ouço o mínimo arfar – farejo o sangue
e capturo
a presa
em pleno escuro.



BUCÓLICA

Vaca
mansamente pesada

vaca
lacteamente morna

vaca
densamente materna

inocente grandeza: vaca

vaca no pasto (ai, vida,
simples vaca).



(sem título)
Semeio sóis
e sons
na terra viva

afundo os
pés
no chão: semeio e
passo.

Não me importa a colheita.

                        In: Trevo (1969-1988).  São Paulo: Duas Cidades, Col. Claro Enigma

2 comentários:

  1. Gostei bastante deses 'sem título', professor.

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  2. Talvez seja o meu preferido também. O último verso é muito forte. Um abraço do
    Bozzetti

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