quinta-feira, 5 de maio de 2011

OCTAVIO PAZ




MENINA

Entre a tarde que se obstina
E a noite que se acumula
Há o olhar de uma menina.

Deixa o caderno e a escrita,
Todo seu ser dois olhos fixos.
Na parede a luz se anula.

Olha seu fim ou seu princípio?
Ela dirá que não vê nada.
É transparente o infinito.

Nunca saberá que o olhava.
                                   Tradução de Olga Savary


NIÑA

Entre la tarde que se obstina
y la noche que se acumula
hay la mirada de una niña.

Deja el cuaderno y la escritura,
todo su ser dos ojos fijos.
En la pared la luz se anula.

Mira su fin o su principio?
Ella dirá que no ve nada.
Es transparente el infinito.

Nunca sabra que lo miraba.
                                      
                                              In: 23 poemas de Octávio Paz. Rosita Kempf Editores, 1983

2 comentários:

  1. Belíssimo poema. A presença da questão metafísica... E eu gosto de poemas assim, com uma chave de ouro no final. Sou meio clichê!(Risos).

    Espero aprender muito, ainda, com seus post´s.
    Abraço fraterno.

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  2. Obrigado, Julio

    espero que continue gostando do blog.

    um abraço do
    Roberto Bozzetti

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