quarta-feira, 28 de setembro de 2011

VERSINHOS DE CIRCUNSTÂNCIA PARA CIRCUNSTÂNCIAS TRÁGICAS A SEREM ESCLARECIDAS ANTES DE ESQUECIDAS

Governo do Estado festeja liberação de verba de 31 milhões para revitalizar os bondes de Santa Teresa” (dos jornais)
“O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas”
                (Drummond)


De Santa Teresa os bondes
Blem-blem-blem-blém
Vão ser revitalizados
Blem-blem-blem-blém
Vai ter fogo de artifício
Discurso palanque armado
Festa, foto e nhem nhem nhém
E uma grana generosa
Vai molhar a mão de gente
Gente que a gente sabe bem
Quem é quem
quem quem quem quem
Tudo vai entrar nos trilhos
Blem-blem-blem-blém
(serão sinos de Belém?
Isso não – se  sabe bem:
Desde os tempos de Bandeira
Que eles batem bem-bem-bem)
Hoje batem os bondinhos
Que o Estado não mantém
Que a manutenção diária
Dos bondinhos blem-blem-blém
Gasta só grana miúda
Merreca troco vintém
Não dá pra fazer festança
Que não sobra pra ninguém
Já pro povo das ladeiras
Sobra reclamar com quem?
Já chorou o motorneiro
Difamado homem de bem
Já acendeu vela pra ele
E por quem mais se foi também
E a cidade lá embaixo
No seu dia-a-dia a cem
Já se esquece do esculacho
Já se esquece até do  Julio
Julio aquele, Julio quem?
Mais um pouco tá jurando
Que foi lá no Pão de Açúcar
Que um bondinho despencou
Mas também não lembra bem
Que o bondinho do Brasil
Blem-blem-blem-blém
Só vive descarrilado
Blem-blem-blem-blém
Nas ladeiras da amnésia
Crash-plunct-bang-trem
E mesmo estes pobres versos
Tá tudo de pé-quebrado
Sem ser  culpa de ninguém
Só aqui deste pedestre
Poetinha joão-ninguém...



3 comentários:

  1. Quando o helicóptero cai ou o bonde despenca, ah, lá vem um discurso salva-pátria!
    É um governo movido a tragédias.
    Que sempre podem virar bons negócios, para uns e outros, como bem lembra o poeta.
    Tá certo, todo mundo é passageiro.
    Mas, com quem fica o dinheiro da passagem?...

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  2. Obrigado pelos comentários.

    Um abraço do
    Bozzetti

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