sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

AH, UM SONETO... DE DANTE ALIGHIERI

Soneto I de Vita Nuova

A toda alma gentil presa de amor
em cuja direção parte este escrito,
peço resposta sobre o que vai dito
e saúdo em Amor, seu grão-senhor.
Finda a terceira hora antes do alvor
quando os astros mais brilham no infintio,
eis me aparece Amor trazendo inscrito
em si um ar que eu lembro com horror.
Alegre parecia, mas levando
meu coração na mão;no braço eu via
a minha dama em trapos ressonando
e ele a acordava, e o coração queimando
humilde e com receio ela comia.
Depois Amor partia, soluçando.

Ilustração de Dalí para A divina comédia



A ciascun'alma presa, e gentil core,
nel cui cospetto ven lo dir presente,
in ciò che mi rescrivan suo parvente
salute in lor segnor, cioè Amore.
Già eran quasi che atterzate l'ore
del tempo che onne stella n'è lucente,
quando m'apparve Amor subitamente
cui essenza membrar mi dà orrore.
 
Allegro mi sembrava Amor tenendo
meo core in mano, e ne le braccia avea
madonna involta in un drappo dormendo.

 Poi la svegliava, e d'esto core ardendo
lei paventosa umilmente pascea:
appresso gir lo ne vedea piangendo.



In: Vida nova: os poemas.  Tradução de Jorge Wanderley.  Taurus/Timbre, 1988.



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