No acaso
algorítmico das redes sociais, me deparo no Facebook com uma dupla postagem de
há um ano: um poema que dediquei a Adriano Nunes (e Paulo Talarico) e um poema
de Adriano Nunes a mim dedicado. Reúno
aqui os dois poemas, acrescentando uma ilustração de Talarico que diz bem do
que os poemas também dizem: os dados do bem-querer e dos acasos da
amizade. Num bom domingo!
NÃO ME CHAME
para
o Adriano Nunes e
o Paulo Talarico
Não me chame
não sou gregário
não sou de
enxame
é pouco provável
que eu vá
embora nem vá
dizer:
Não
mas não vou
não me espere
nunca me atraso
também
não
me adianto
nem pro ménage
nem pra homenagem
nem pro
rendez-vous
nem
pra santíssima trindade
Não quero encontrar os semelhantes
não tou na fila do confessionário
nem na do mega-show
nem na do lambe o cu do empresário
nem na dos cumprimentos
o pódio que desabe
nado e que se foda a direção dos ventos
e o que leva a correnteza
eu já tou dentro e muito dentro
não tenho tempo, absorvido sou
escravo
anfitrião
hóspede
da beleza
"O
PÓDIO QUE DESABE"
para Roberto Bozzetti
Nem todos os louros
da Grécia Antiga
Nem o ouro da Atlântida perdida
Nem medalhas civis ou militares
Nem mesmo as placas comemorativas
Nada disso convém, bom que se diga
Nada disso faz falta a qualquer lida
Nem pedestais de santos nem altares
Nem tronos de nobres sequer de trastes
Nem as honras da recompensa pública
Nem as tais glórias tidas como únicas
Nada disso aqui vale, em nada implica
Nada disso dá alma a qualquer vida
Nem homérica íntima homenagem
Nada: só Arte! E o pódio que desabe!
Nem o ouro da Atlântida perdida
Nem medalhas civis ou militares
Nem mesmo as placas comemorativas
Nada disso convém, bom que se diga
Nada disso faz falta a qualquer lida
Nem pedestais de santos nem altares
Nem tronos de nobres sequer de trastes
Nem as honras da recompensa pública
Nem as tais glórias tidas como únicas
Nada disso aqui vale, em nada implica
Nada disso dá alma a qualquer vida
Nem homérica íntima homenagem
Nada: só Arte! E o pódio que desabe!
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