segunda-feira, 21 de novembro de 2016

DOIS POEMAS DE MÁRIO CHAMIE (1933-2011)



           GALERIAS

Nas vastas galerias de sombras
passam os detritos.  As ondas.

Um barco navega: fantasma
com ferrugem nos casco
com caveiras no mastro
com salsugem nas quilhas.

Nas baixas galerias das vias,
o lodo concentra-se em pilhas,
um sapo deglute a mosca,
seu peixe de água salobra.

Nas sujas galerias do esgoto,
um crime carrega seu corpo,
um trem trafega sem rumo,
um lodo concentra seu sumo.

Nas vastas galerias de sombras,
o pesadelo pesado do povo
pesa seu sono de chumbo,
dorme em seu leito de escombros.





     SIDERURGIA S.O.S.

Se der o ouro: sidéreo   opus   horáriO

Sem     sol o sal    do  erário:   saláriO

Se der orgia/semistério: o empresáriO

Siderurgia do    opus    o só    o eráriO

Se der a via   do pus   opus       erradO

Se der o certo no errado: o empregadO

Se der errado no certo:   o emprecáriO






Mário Chamie.  Sábado na hora da escuta:  antologia.  SP: Summus, 1978.



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