terça-feira, 12 de julho de 2011

DISPLICENTE



A falta corta por todos os lados
e nunca diz seu nome
deixa-se confundir
num equívoco eco de canção longínqua
se diz Lígia
ou Helena
Ariadne ou prosaica Adriana
Emília
aparece mil vezes na telinha plana
com o nome saudaaaaaade...
em quem nem sequer sente saudade
mas nunca diz seu nome
vejo-a enquanto caminha displicente
pelos lugares que lhe eram habituais
sei não
mas tenho a impressão que suas coxas eram mais grossas
ou estão agora mais morenas?
tem o mesmo bom gosto quanto à lingerie
os ombros estão livres da alça do sutiã
não há nesga enganosa em seu cabelo louro
ou será que não seria louro
será que mudou o estilo de depilação?
ou a frequência?
rasgou o que é meu
ou só esqueceu
como eu fiz com as juras
como nunca fiz com as malas
das viagens adiadas
enquanto tento manter tépida a sala
do aroma das ervas e do vinho
num fogo brando
brando
e imperecível

2 comentários:

  1. 'saudades fúteis, saudades frágeis, meros papéis...'

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  2. Verônica,
    sim, sem dúvida está aí, "Desencontro" do Chico, uma das grandes canções bem antigas dele. Obrigado,
    um beijo do
    Roberto Bozzetti

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