sábado, 18 de junho de 2011

EUGENIO MONTALE

SEGUNDO TESTAMENTO

Não sei se um testamento equilibrado
entre a prosa e a poesia triunfará sobre o nada
do que nos sobrevive.
O tom oracular da versificação
não cairá na indiferença,
e um fragmento, uma parte da minha
impotência, me vingará do anterior
e do ignoto.  Nunca escolhi a estrada
mais batida, porém aceitei o fato
em seu engodo de sempre.
E agora que o fim se aproxima atiro
minha garrafa que talvez dará lugar
a uma bela algazarra.
Nunca nos restou um vácuo onde desaparecer
já outros graças à recordação ressurgiram,
deixai em paz os vivos para reviverem
os mortos: no além eu quero é divertir-me.



SECONDO TESTAMENTO

Non so se um testamento in bilico
tra prosa e poesía  vincerá el niente
di ciò che sopravvive.
L’oraculare tono della versificazione
non cadrà nell’indifferenza
e un brandello, una parte dela mia
impotenza farà vendetta del prima
e dell’ignoto.  Non scelsi mai la strada
più battuta, ma accettai il fato
nel suo inganno di sempre.
Ed ora che s’approssima la fine getto
la mia bottiglia che forse dará luogo
a um vero parapiglia.
No vi è mai un nulla iu cui sparire
già altri grazie al ricordi son risorti,
lasciate in pace i vivi per rinvivire
i morti: nell’aldilà mi voglio divertire.

 IN: Diário póstumo, Eugenio Montale.  trad. Ivo Barroso, 2000.

Nenhum comentário:

Postar um comentário