domingo, 19 de junho de 2011

RASCUNHO PARA UMA BAILADORA QUASE LUSA

Como as bailarinas
amadas por Cabral
ela tem o peso audível
ao fugir do chão
e ao chão tornar.

Nunca a vi pairar
nunca lhe vi corola
aura, auréola nem
aquela fímbria entre o corpo
esguio e o mundo etéreo.

Com pentelhos, veios
e furor, fulgura
ante o átimo da carne
pousa na memória
como num fundo de coral

e aos destruí-lo, e à areia
revolver,   e esfacelar
mesmo a âncora, incorpora
o que é ferro e à flor
d’água paira,  mas

tangível à vista:
o logro da leveza
submerge para sempre.
O que nela é vero
dá-se a ver à tona.

3 comentários:

  1. lindíssimo, só tendo sensibilidade pra ler uma coisa tão linda, sublime como essa...

    Parabéns!

    Paula Benício

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  2. Caro Roberto

    Amei o título do poema e principalmente esta primeira estrofe:

    Como as bailarinas
    amadas por Cabral
    ela tem o peso audível
    ao fugir do chão
    e ao chão tornar.

    Gosto muito dos seus temas e títulos. Onde posso encontrar o seu livro Firma Irreconhecível?

    Abraço
    Nonato Gurgel

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  3. Caro Nonato,
    um prazer tê-lo aqui, obrigado.
    O Firma tinha à venda na Livraria da Travessa, a antiga, na Travessa do Ouvidor. Não sei se ainda tem.
    de qualquer forma você pode adquiri-lo direto no site da editora: http://www.oficinaraquel.com

    o abraço fraterno do
    Bozzetti

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