sábado, 19 de fevereiro de 2011

SURABAYA JOHNNY: CIDA MOREYRA



SURABAYA JOHNNY

            Kurt Weil – Bertolt Brecht
            Versão: Silvia Vergueiro

Dezesseis anos só eu tinha
E pra longe você me levou
E dizendo que a sorte era minha
A lua você me jurou
Perguntei como você vivia
E do mar você não me falou
“Eu trabalho numa ferrovia, baby
Marinheiro não, eu não sou”

Você falou muito, Johnny
E não falava a verdade, Johnny
Você me traiu desde o começo
Eu te odeio, Johnny
Não fique aí parado com essa cara
Tire esse cachimbo da boca, cachorro

Surabaya Johnny
Não me trate assim
Surabaya Johnny
Meu amor não tem fim
Surabaya Johnny
Sou tão infeliz
Amando assim meu Johnny
Que não chora por mim

No começo era tudo certinho
Desde que eu te fizesse carinho
Mas o tempo passou e a vida
O vento do mar me levou
A imagem perdida no tempo
Da cidade, do cais e do mar
Aparece na frente do espelho
Repetindo  meu próprio olhar

Você não queria amor, Johnny
Você queria dinheiro, Johnny
Você pediu tudo, Johnny
Eu te dei até mais
Eu te odeio, Johnny
Não fique aí parado com essa cara
E tire esse cachimbo da boca, seu rato


Surabaya Johnny
Não me trate assim
Surabaya Johnny
Meu amor não tem fim
Surabaya Johnny
Sou tão infeliz
Amando assim meu Johnny
Que não chora por mim

Eu jamais descobri o mistério
Nem por que te chamavam assim
Mas as noites e os hotéis eram nossos
E isso bastava pra mim
Acordar numa cama barata
E ouvir o barulho do mar
Teu navio partindo pra longe
Indo embora pra qualquer lugar

Você não presta, Johnny
Você é um canalha, Johnny
Por que você me abandonou, Johnny
Você pode me dizer por quê?
Eu te odeio quando você me olha assim
E tire esse cachimbo da boca, seu porco

Surabaya Johnny
Não me trate assim
Surabaya Johnny
Meu amor não tem fim
Surabaya Johnny
Sou tão infeliz
Amando assim meu Johnny
Que não chora por mim


                             (do disco Cida Moreyra, Abolerado Blues. Lira Paulistana/Continental, 1983)

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