quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

TRÊS POEMAS DE TRILUSSA

Trilussa era o nome literário do romano Carlo Alberto Salustri (1871-1950), poeta que escrevia em “romanesco”, o dialeto de Roma.

CÃO POLICIAL

Saudei hoje um cachorro policial:
- Como vai? – Como todo bom rafeiro:
Cada ladrão que passa, isto é fatal!
Não fica em bons lençóis: sinto-lhe o cheiro,
Graças a este meu faro sem rival.

Nisto, aproxima-se um politiqueiro
Que hoje, se não me engano, é deputado.
Perguntei: - Não sentiu certo cheiro?
- Não, estou hoje muito indefluxado.

            Com toda esta perícia,
Este cão vai a chefe de polícia.

                        Trad. Paulo Duarte
(in: Obras-primas da poesia universal. Org. Sérgio Milliet)



O PORCO E O BURRO

Um pobre Burro vendo para o prédio
do matadouro um porco amigo ir,
chorando disse: - Irmão, deves partir,
não nos veremos mais, não há remédio.
Precisas suportar esta medonha
sorte – lhe disse o Porco: - Não choremos,
talvez um dia nos reencontraremos
nalguma mortadela de Bolonha.



AVAREZA

Eu conheci um velho
rico, mas avarento a ponto tal
qu’olha o dinheiro dentro do espelho
para ver duplicado o capital.
E então diz: - Aquele o dou embora
porque me serve pra beneficência,
mas este o seguro por prudência...
E o fecha na gaveta sem demora.


Tradução de Maria Luigia Magnavita Galeffi
“Divulgação da literatura italiana, um grande poeta dialetal: Trilussa”
Disponível em
http://www.portalseer.ufba.br/index.php/universitas/article/viewPDFInterstitial/1036/833

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