De TITE DE LEMOS
“Aulas (curso noturno) para musas:
não precisa experiência anterior:
fotografia, preto-e-branco ou cor.
Completaremos linhas inconclusas.
Transparentes serão feições escusas”
se eu puder ser teu Dante ou confessor,
romper-te de contentamento e dor,
presentear-te o amor que me recusas.
Verás teipes históricos de damas
que arqueiros de outras eras desarmaram.
Das Graças, Lola, Gala, Nova, Norma.
Depois, a sós, te amo e tu me amas,
gratos aos fatos que nos inspiraram
tão delicada e tão cruel performance.
Não resisto a um breve comentário: os sonetos de Tite de Lemos (1942-1989) são preciosos e me foi muito difícil escolher apenas um para postar aqui. Optei por este por várias razões, entre elas a maravilhosa rima que o encerra “Norma/performance”. Tão precisa e tão anti-parnasiana.
Não resisto a outro: no filme Macunaíma, de Joaquim Pedro, a bela voz do narrador em off é de Tite de Lemos.
(in: Caderno de Sonetos. Nova Fronteira, 1988)
Suas escolhas sempre são deliciosas!
ResponderExcluirObrigado, Viviane
ResponderExcluirespero que continue gostando do "Firma".
Um beijo
do Roberto Bozzetti