sábado, 15 de janeiro de 2011

AH, UM SONETO... ESTRAMBÓTICO E LUXURIOSO

Fodamos, meu amor, fodamos presto,
Pois foi para foder que se nasceu.
E se amas o caralho, a cona amo eu:
Sem isto, fora o mundo bem molesto.

Fosse foder após a morte honesto,
“Morramos de foder!” seria o meu
Lema, e Eva e Adão fodíamos por seu
Invento de morrer tão desonesto.

É bem verdade que se esses tratantes
Não comessem do fruto traidor,
Eu sei que ainda fodiam-se os amantes.

Mas caluda e me enfia sem temor
Esse pau, que à minha alma, em seus rompantes,
Faz nascer ou morrer, dela senhor.

                               E se possível  for,
Quisera eu pôr na cona estes colhões
Que de tanto prazer são espiões.


                 Os Sonetos luxuriosos do italiano Pietro Aretino são na verdade estrambotes ou sonetos estrambóticos: aos 14 versos  do soneto acrescentam-se mais 3: o primeiro, curto, deve rimar com o último do soneto propriamente dito; os outros dois, maiores, rimam entre si.O livro de Aretino ganhou no Brasil uma primorosa tradução com estudo crítico de José Paulo Paes, edição da Record, bilíngüe, Sonetos luxuriosos, de onde se extraiu o poema acima.
                               Pietro Aretino (1492-1556)
                               Tradução de José Paulo Paes




               

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