Torci os dedos sob a manta escura...
“Por que tão pálida?” ele indaga.
- Porque eu o fiz beber tanta amargura
Que o deixei bêbado de mágoa.
Como esquecer? Ele saiu, sem reação,
A boca retorcida, em agonia...
Desci correndo, sem tocar no corrimão,
E o encontrei no portão, quando saía.
“É tudo brincadeira, por favor,
Não parta, eu morro se você se for.
E ele, com um sorriso frio, isento,
Me disse apenas: “Não fique ao relento.”
Um dos dezesseis retratos de Akhmátova por Modigliani
Eu vivo como um cuco no relógio.
Não invejo os pássaros livres.
Se me dão corda, canto.
Só aos inimigos
Se deseja
Tanto.
Traduções de Augusto de Campos
(in: Poesia da recusa. Perspectiva, 2006)
AMO a Akhmatova! Esse poema é lindo. Está na antologia dela organizada pela LPM Pocket.
ResponderExcluirSinto a angústia tão forte nesse primeiro poema que dá vontade de gritar junto com ela...
Belíssimo! Salve, Akhmatova.
Obrigado pela lembrança desse belo poema.
Marcelo,
ResponderExcluirobrigado a você. Um abraço do
Roberto Bozzetti