quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A VASELINA

Praça da Ópera: por uma farmácia a dentro
Entra um senhor bem-posto feito um pé-de-vento:
“Estou com pressa”, diz. “”Eu quero vaselina.”
Gentil, o boticário indaga do cliente
                Impaciente
       A que uso se destina
       O graxo ingrediente:
“Se for para o rosto, é melhor levar da fina...
                Qual?
                Que tal
                        Este artigo
        Que o senhor, sem perigo,
                Pode no rosto usar?
“Eu por mim recomendo sempre a boricada.”
E o cliente, a bufar: “Mas que papagaiada!
Pouco me importa qual, pois é para enrabar!”

                         Guillaume Apollinaire
                         tradução de José Paulo Paes (in: Poesia erótica em tradução)

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