Velho, cochilo diante da TV: sequências infinitas de imagens de gente chorando, lama, destruição, gente chorando, resgates... cochilo, cochilo... velho. Repórteres puxam mais lágrimas, fazem chorar os que já choram e os que presumivelmente estão do lado de cá, chafurdam na lama do sentimentalismo fétido (uma sorte a TV não ter cheiro), não querem que parem de chorar os que conseguem se conter, berram e atravancam resgates, desfiam estatísticas pouco confiáveis, plantam informações suspeitas, cochilo, cochilo... acordo aqui e ali, estou velho velho, me sinto nauseado, cochilo, estou velho...
Com medo de cochilar me planto diante da TV à meia-noite para ver Neymar estrear no Sul-Americano sub 20 diante do Paraguai. O jogo começa e nem sombra de sono, dirá de cochilo, Neymar por pelo menos quase duas horas, quatro gols e fintas infinitas restaura o equilíbrio do mundo, restaura o meu regime de sono, me faz ficar acordadíssimo, jovem jovem, instaura uma harmonia plena no mundo. Menos entre os paraguaios.
Na verdade Neymar instaura uma desarmonia também na seleção brasileira sub-20, ele está muito além, muito além de seus fracos co-adjuvantes, assim como instaura uma desarmonia no torneio, nos 20 anos, tomara que não instaure uma desarmonia nele mesmo com todo o massacrante bombardeio da glória ambígua que lhe cai sobre os ombros. Mas vou dormir velho e sábio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário