quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

AH! UM SONETO − BRANCO...

O MUNDO REVIVIDO

Sobre esta casa e as árvores que o tempo
esqueceu de levar.  Sobre o curral
de pedra e paz e de outras vacas tristes
chorando a lua e a noite sem bezerros.

Sobre a parede larga deste açude
onde outras cobras verdes se arrastavam,
e pondo o sol nos seus olhos parados
iam colhendo sua safra de sapos.

Sob as constelações do sul que a noite
armava e desarmava: as Três-Marias,
o cruzeiro distante e o Sete-Estrelo.

Sobre este mundo revivido em vão,
a lembrança de primos, de cavalos,
de silêncio perdido para sempre.

                               H. Dobal ( In: A província deserta, 1974)

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