Muito da graça de Paulo Vanzolini, que de resto parece ser um sujeito irascível e mal-humorado (e esta não é uma apreciação exatamente negativa), está no detalhe. Como no verso “dava tempo e não correu”, que está em “Cravo branco”. O sujeito sai de casa prafazer papel de homem – e aqui a perspectiva sexista de Vanzolini (que é nuançada e polifônica, note-se, não é simples grosseria) – pra fazer um papel digno ao se encontrar com a amada, que era mulher de outro. Pois o outro lhe aponta a arma, mas o sujeito resolve morrer com dignidade. Afirma a dignidade de seu amor, afirma-se como homem que assume agonicamente seu amor e... morre: “Ela lhe deu o cravo/o outro se ofendeu/ele olhou o revólver/dava tempo e não correu/dobrou os joelhos, desabou no chão...” os joelhos se dobram, mas não o seu desejo. Ao morrer, ele afirma a paixão pela mulher desejada. Ou simplesmente (?) a sua altivez.
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