quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

LIÇÕES AO GAFANHOTO

            O Gafanhoto todo mundo sabe o que era, né? No seriado Kung-fu (que eu nunca assisti), o menino aprendiz de... seilá, aprendiz de kung-fu (é isso?) era chamado Gafanhoto e ouvia sempre atento e assimilava (eu acho, pelo menos) as lições do Mestre, um chinês provecto e sábio (aliás, esses clichês... eu tenho a impressão que qualquer chinês no berçário já é portador de uma sabedoria milenar, mas deixa pra lá; aliás II: pensando bem, com a política de controle de natalidade medonha que tem na China, só sendo sábio mesmo pra nascer).  Pois bem: vou listar aqui duas lições aprendidas com amigos mais velhos:
1.      Adoro mate.  No verão, acho que bebo fácil uns 2 litros por dia.  Faço em casa, em infusão a frio, e na rua volta e meia bebo naqueles copinhos.  Um dia, faz uns 10 anos,  eu batalhava pra conseguir abrir à unha um copinho daqueles e comentei com o amigo de ocasião, um cara escoladíssimo em transitar no meio empresarial, já tinha trabalhado como administrador de tudo e o escambau. Lhe disse: “Meu caro Tomás, você que é um cara que conhece controle de qualidade, essas coisas, por que é que é tão difícil abrir um copo de mate?  Se fosse mais fácil abrir, essa droga não venderia muito mais não?” Entendiado, ele me olhou e disse: “Você deixa de beber mate em copinho por que é difícil de abrir?” Retruquei: “Não, mas eu beberia mais, se fosse mais fácil abrir...” e ele, com pena da minha ignorância: “Não é isso, não é essa a questão. Na cabeça do empresário brasileiro, se você reclamar, ele vai dizer ‘Foda-se’, desde que você continue a beber o mate dele. Se vai beber pouco ou muito, ele não tá ligando.  Dá pra bancar o padrão de vida dele. É ‘foda-se’, entendeu?”  Entendi e entendi de vez a cabeça do empresariado brasileiro.  De lá pra cá os mates ficaram mais fáceis de abrir.  Desconfio que aquele “Coca-Cola Company” que vem no rótulo tem alguma coisa a ver com isso...
2.      Estava tomando um café num pé-sujo em Botafogo num intervalo de aula  na companhia do João Jorge,  querido colega, velho militante do partidão, e na TV do boteco passava um programa matinal com uma senhora simpática, que de repente envereda por um discurso patriótico, dizendo sentir muita saudade do tempo em que a letra do Hino Nacional vinha na contracapa dos cadernos escolares.  “Ah, que saudade...” dizia ela.  E eu perguntei ao colega se ele sentia algo de semelhante.  Foi então que eu aprendi o significado de saudade: “Uma porra! Saudade eu tenho é do tesão que eu tinha quando eu era moleque e não tenho mais.  Saudade é sempre isso: saudade do tesão que você já teve.”

3 comentários:

  1. Caro Bozzetti,

    Que bom te encontrar aqui no mundo dos blogs, que tantas alegrias nos traz e tanto tempo nos faz perder...

    Beijos e saudades!

    Bia Petri

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  2. ...tesão...hum...o que está a faltar aos homens de bem, de hoje, de outrora, é romanticitismo! para usar un hispanismo,rsrsrs. O tesão, seja em qualquer idade, sempre "sobe". O que pode não subir mais é a ereção, kkk. Brincaderinha! rs

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  3. Bia (um tanto tardiamente), obrigado pelo comentário e pelo carinho.
    Anônimo, obrigado também, embora não tenha certeza de ter entendido.
    Abraços

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