“- A festa bai ser uma b’leza!
- Ah, bai, bai!
- Bai sair, não?
- Não. Por quê?
- Por que bai bai é adeus em inglês!
- Não! Eu disse que a festa bai ser uma b’leza!
- Ah, bai, bai...
- Bai sair?
- Não, por quê?
- Porque bai bai é adeus em inglês!
- Não!! Eu disse que a festa bai ser uma b’leza!
- Ah, bai, bai!...
- Bai sair, não?
- Não. Por quê?!
...”
O diálogo amalucado aí em cima pode prosseguir até o infinito. Seu sentido está no contra-sentido de base fonética que o alimenta. Lógico que deve ser lido como se fosse no português de Portugal, como, aliás, era a norma de dicção no teatro brasileiro até meados do século XX . E o que o mantém em moto-contínuo é que as falas passam de um personagem para o outro, os quais as permutam alternadamente. . É uma das maravilhosas invenções de Lauro Borges e Castro Barbosa, os responsáveis e astros únicos da PRK-30, “a emissora perturbadora das demais estações”, programa radiofônico de enorme sucesso por 20 anos, de 1944 a 64. Paulo Perdigão dedicou um livro ao programa, que vem com dois CDs (No ar: PRK-30!), uma seleção de diversos momentos do que foi ar. Pessoalmente, não acho que os CDs mantenham sempre o mesmo nível alto. Nos anos 70 uma gravadora pequena lançou dois LPs também de seleção. O primeiro deles, de capa amarela (a do outro era verde), é espantosamente engraçado. Mas o diálogo aí de cima não está em nenhum desses registros fonográficos: aprendi com um tio meu, que adorava o programa, sabia de cor vários sketches. Fica aqui como uma divertida lembrança e homenagem a ele, Aleardo.
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