quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

OSCAR NIEMEYER


Do que é criado
de Deus nascido
por Ele feito
e oferecido
à vida humana
nada de nítido
mas o inteiriço
não  o contorno
mas o contido
nos  continentes
inominados
matéria pura
ou puro espírito
do que é dado
foi nado e tido
e sempre dado
será aceito
para ser nido
ser contingência
dos divididos
por alguns homens
foi recusado
não pelo todo
mas pelo estrito
de coisa falta
alheia e erma
ao duro estudo
ou intuído
ele foi um
que recusou
indiferente
malgradecido
por isso fez
além da  cópia
de olhos fechados
de sensitivo
à luz ao vento
ao vôo ao trisso
foi que ele fez
cidade prédio
contorno iluso
inquieto espírito
nos continentes
atrás do vínculo
da voz humana
essa incontida
em esperança
ou mesmo equívoco
em desfuturos
vagos empíreos
abortos vis
régios monturos
centúria vinte
de cataclismos
ele fez traço
não mais que isso
ele ousou
bem mais que aquilo
do que foi dado
completo e pleno
e em seu lugar
plantou em plano
grão curvilíneo
em tudo traço
da retidão
da humana lida
gozo de seu
preciso arco
na contramão
da linha reta
da estreita via
agradecida
de Deus esmola
servil cativa.

   
                    O poema acima está na seção "Nomes de formas" de meu Firma irreconhecível (Ed. Oficina Raquel). Posto-o nesta oportunidade em comemoração aos 103 anos do arquiteto, completados nesta data.

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