quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

SEIS PESSOAS

          “Seis,  Bozzetti? Não acha muito não?  Quatro já tá bom...”  disse-me uma amiga mais rigorosa do que eu certa vez ao lhe expor o que vai a seguir.  Mas não dou razão a ela. É que não sei quem disse que “é impossível reunir mais de seis pessoas interessantes na mesma hora e no mesmo lugar”.  E eu estou absolutamente convencido disso.  Bem, devo dizer que não sou chegado a festas, congraçamentos, festejos sob pretextos tolos,  cultura da cerveja e da encheção de saco (com direito a baba no ombro e perdigoto na orelha), botecos onde se disputa aos berros quem consegue superar o som geralmente  insuportável da “música ao vivo”  de plantão – ou pior: do karaokê, toc toc toc – enfim, gosto de estar com as pessoas de quem gosto – são mais de seis, claro – em torno de uma mesa, bebendo (pode ser cerveja sim, por que não?) , comendo,conversando.  Conversando.  Gosto da conversa.  Gosto de conversar com quem gosto, de saber o que as pessoas de quem gosto pensam, de rir com elas, de cozinhar para elas, de falar  mal da vida alheia  com elas, de falar mal das nossas vidas também, de sermos solidários mutuamente  se o caso for esse.  E para que isso exista, não podem estar juntas mais de seis pessoas.  É que aí, nesse número  nada cabalístico, a conversa realmente acontece como interação.  Seis pessoas conversam entre si, mais do que isso não.  Desde que li a frase lá de cima (não a da minha amiga) passei a adotá-la como regra para receber amigos.  Se houver, por exemplo, oito ou mesmo sete pessoas, formam-se dois grupos ou mais.  E a interação entre seis pessoas deixa de existir.  Se forem mais, dou o nome de festa – ou de descuido de anfitrião. 

3 comentários:

  1. Queridoooooo!!!

    Delícia de blog,fiquei encantada e perdida em meio a tanta coisa boa... isso é a tua cara! perfeito!
    Saudade de vc!

    ResponderExcluir
  2. Obrigado, Lidiany,

    fico feliz que você tenha curtido o "Firma". A ideia é essa, simples: oferecer coisas boas de se ler, minhas (quando for possível que fiquem boas) e alheias. Se for em excesso... melhor!

    beijos do
    Roberto Bozzetti

    ResponderExcluir
  3. Excelente texto. Concordo plenamente, seis pessoas e nenhuma mais! O limite é este, é suficiente para a interatividade.

    ResponderExcluir